segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Eu adoro feira livre!

Doce de buriti com queijo coalho ao som de cantadores do sertão são algumas iguarias pra se degustar na feira de Lençóis, na Chapada Diamantina (BA)
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Feiras livres e mercados regionais são fonte inspiradora, um maná para quem gosta de cozinhar e de comer. Cores, cheiros, texturas, muita gente circulando e aquela falação toda que eu adoro.

Em Lençóis, principal cidade turística da Chapada Diamatina, no sertão baiano, uma das trilhas sonoras da feira livre vinha de carros antigos, caixa de som na traseira e CDs e K7s para vender. Desafio de duplas cantadores de toda a Bahia estavam ali, improvisando de a até z sobre temas quaisquer, duelandoas rimas assim como na embolada, no repente, na rap, no hip hop. Os ritmos são bem diferentes, mas a origem de tudo é a mesma.

Divindo espaço no mesmo tecido escuro estendido na calçada em frente à igreja o Rosário, CDs dos forrozeiros do Calcinha Preta e da Banda Ellus – imagina o cover do Calcinha Preta…é isso! Quando vivi em Lençóis ainda não existia a Joelma gritando “Vai Calypso!” Por isso, feiras livres e mercados são mais do que lugares pra comprar comida. São pontos perfeitos pra descobrir novidades para as panelas e pra conhecer gente interessante, pra bater papo furado  no meio do burburinho.

Queijo coalho, rapadura e doce de buriti eram algumas das boas compras que eu carregava no boca-a-piu, ou mocó, típica sacola de palha da região, moldava de um jeito pra levar tudo mocozado, fechadinho, meio escondido.  Eu não lembro o nome desse feirante, que vinha de outra cidade toda semana trazendo um queijo coalho maravilhoso, manteiga bem fresca, rapadura e aquele doce de buriti cor de laranja acobreado.
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Quando voltei pra São Paulo, não trouxe comigo nenhuma das tais fitas K-7, nem os CDs dos cantadores de desafio e isso dói na minha alma até hoje. Porque tudo nisso é único, é música que surge pra um momento, para três minutos de uma noite e não se repete mais. Ver e ouvir isso de perto é das coisas bacanas de se fincar num sertão qualquer, querendo distância de São Paulo.

Da Bahia esse post viaja para o Ceará
neste vídeo do cantador e rabequeiro Cego Oliveira, que se apresentava nas ruas de Juazeiro do Norte.
Nascido em Crato, em 1905, Cego Oliveira faleceu em Juazeiro em 1997.  “Na porta dos cabaréis” é um clássico que ele interpreta maravilhosamente. Quem é brasileiro, precisa saber que isso existe.

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